Portugal é um país europeu sem cultura de liberdade, embora pense que a tem.
É um país onde não existe alternativa ao socialismo, já que em democracia a alternância politica é feita entre um partido dito socialista e um partido dito social democrata, sendo que em Portugal, este último sempre foi considerado um partido de direita. Direita, uma palavra proibida desde o Estado Novo.
Entre si, PSD e PS alternam no governo desde o fim da ditadura, tendo os socialistas governado o país em 20 dos últimos 27 anos.
Também o liberalismo é um termo relativamente novo para a maioria dos portugueses, genericamente associado à austeridade como consequência das medidas liberais que o antigo primeiro-ministro do PSD, Pedro Passos Coelho tomou, coincidentes com a necessidade de ajuda externa, herança do governo socialista imediatamente anterior.Eis que o mito se propagou: Direita é fascismo, liberalismo é austeridade, enquanto a esquerda, que tira com uma mão o que oferece com a outra, permanece popular.
Um quinto dos portugueses mora fora do país e, de acordo com o professor português Nuno Palma, “esta é uma proporção que só se verifica em caso de guerras e calamidades”.
Uma pesquisa recente refere mesmo que 30% dos jovens nascidos em Portugal encontra-se a residir no estrangeiro, sendo que num país onde a média de natalidade é de 1,03 filho por casal, e o sistema de Segurança Social um verdadeiro esquema Ponzi, que depende destes para ser viável, não tem como subsistir.
Desta forma, anualmente o Estado obriga-se a injetar cerca de 7 a 7,5 bilhões de euros para manter o sistema de segurança social a funcionar.
É sabido que não há ajuda estatal sem extorsão ao “contribuinte”. Apesar dos socialistas dizerem orgulhosamente que a carga fiscal portuguesa é inferior à média da União Europeia (representa 37,6% do PIB vs 41,3% da média europeia, segundo dados de 2020), o conceito de esforço fiscal não é considerado e, neste campeonato, Portugal é o 6º país europeu com maior esforço fiscal.
Estamos a falar de uma realidade em que o salário mínimo está em €820 e o salário médio €1.314. Esta perigosa proximidade desincentiva a produtividade e a ambição de mais e melhores qualificações, provocando o abrandamento de alguns setores de atividade.
Por exemplo, os médicos ganham em média €1.760, e os policias que enquanto escrevo estas linhas, se manifestam à porta da Assembleia da República, têm como salário base €907. Um policia em Portugal ganha pouco mais que o salário mínimo.
O desemprego no país também está ligeiramente acima da média europeia. Não é fácil contratar, não é fácil despedir, não é fácil ser empresário em Portugal.
As empresas são, assim como os indivíduos, sufocadas em impostos: IRC, IVA, IUC, ISV (os dois últimos sobre veículos), IMI, AIMI, IMT (imóveis), e ainda têm de garantir o pagamento do salário mínimo.
Os trabalhadores custam muito caro às empresas em Portugal. No início deste ano, com a nova atualização salarial para €820, os empregadores passam a ter que pagar mais €1.000 ao estado por cada trabalhador, sendo que as confederações patronais já pediram ao governo um alívio do montante a descontar para a Segurança Social. A resposta foi um redondo “não, porque há que manter a sustentabilidade do sistema”.
Este ano o país vai a eleições. Eleições fora do tempo, após a demissão do Primeiro-Ministro Socialista envolvido num escândalo de corrupção. Não há propostas eleitorais que procurem liberalizar a economia. Da esquerda à direita, só se fala em taxar: empresas, gasolineiras, banca.
Portugal é um país que sabe acolher quem nos visita, porque, como qualquer português sabe, arrumamos sempre a casa para as visitas e é no turismo que arrecadamos todas as distinções.
Ironicamente, um país que de forma corajosa se lançou a descobrir o mundo tem tanto medo da liberdade.
João Saltão
c/ Cláudia Nunes
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