QUO VADIS PORTUGAL




Portugal é um país europeu sem cultura de liberdade, embora pense que a tem. 

É um país onde não existe alternativa ao socialismo, já que em democracia a alternância politica é feita entre um partido dito socialista e um partido dito social democrata, sendo que em Portugal, este último sempre foi considerado um partido de direita. Direita, uma palavra proibida desde o Estado Novo.

Entre si, PSD e PS alternam no governo desde o fim da ditadura, tendo os socialistas governado o país em 20 dos últimos 27 anos.

Também o liberalismo é um termo relativamente novo para a maioria dos portugueses, genericamente associado à austeridade como consequência das medidas liberais que o antigo primeiro-ministro do PSD, Pedro Passos Coelho tomou, coincidentes com a necessidade de ajuda externa, herança do governo socialista imediatamente anterior.

Passos quis ir além da Troika, pagar a divida e liberalizar a economia na tentativa desesperada de crescimento e cortou muito no estado, tomando medidas impopulares entre funcionários públicos e pensionistas, mesmo aqueles que não foram visados nas medidas.

Eis que o mito se propagou: Direita é fascismo, liberalismo é austeridade, enquanto a esquerda, que tira com uma mão o que oferece com a outra, permanece popular.

Portugal começou a divergir dos países europeus no fim dos anos 1990, sendo que atualmente, os países que se encontravam no antigo bloco soviético, já nos ultrapassaram.


Um quinto dos portugueses mora fora do país e, de acordo com o professor português Nuno Palma, “esta é uma proporção que só se verifica em caso de guerras e calamidades”.

Uma pesquisa recente refere mesmo que 30% dos jovens nascidos em Portugal encontra-se a residir no estrangeiro, sendo que num país onde a média de natalidade é de 1,03 filho por casal, e o sistema de Segurança Social um verdadeiro esquema Ponzi, que depende destes para ser viável, não tem como subsistir.

Desta forma, anualmente o Estado obriga-se a injetar cerca de 7 a 7,5 bilhões de euros para manter o sistema de segurança social a funcionar.

É sabido que não há ajuda estatal sem extorsão ao “contribuinte”. Apesar dos socialistas dizerem orgulhosamente que a carga fiscal portuguesa é inferior à média da União Europeia (representa 37,6% do PIB vs 41,3% da média europeia, segundo dados de 2020), o conceito de esforço fiscal não é considerado e, neste campeonato, Portugal é o 6º país europeu com maior esforço fiscal.

Estamos a falar de uma realidade em que o salário mínimo está em €820 e o salário médio €1.314. Esta perigosa proximidade desincentiva a produtividade e a ambição de mais e melhores qualificações, provocando o abrandamento de alguns setores de atividade.

Por exemplo, os médicos ganham em média €1.760, e os policias que enquanto escrevo estas linhas, se manifestam à porta da Assembleia da República, têm como salário base €907. Um policia em Portugal ganha pouco mais que o salário mínimo.


O desemprego no país também está ligeiramente acima da média europeia. Não é fácil contratar, não é fácil despedir, não é fácil ser empresário em Portugal.
As empresas são, assim como os indivíduos, sufocadas em impostos: IRC, IVA, IUC, ISV (os dois últimos sobre veículos), IMI, AIMI, IMT (imóveis), e ainda têm de garantir o pagamento do salário mínimo.

Os trabalhadores custam muito caro às empresas em Portugal. No início deste ano, com a nova atualização salarial para €820, os empregadores passam a ter que pagar mais €1.000 ao estado por cada trabalhador, sendo que as confederações patronais já pediram ao governo um alívio do montante a descontar para a Segurança Social. A resposta foi um redondo “não, porque há que manter a sustentabilidade do sistema”.


Este ano o país vai a eleições. Eleições fora do tempo, após a demissão do Primeiro-Ministro Socialista envolvido num escândalo de corrupção. Não há propostas eleitorais que procurem liberalizar a economia. Da esquerda à direita, só se fala em taxar: empresas, gasolineiras, banca.

Da esquerda à direita, só se fala em aumentar salários mínimos de forma imtervencionista. Fala-se até, mesmo considerando o exposto nestas linhas, em aumentar pensões de reformados para €1.000.


Portugal é um país que sabe acolher quem nos visita, porque, como qualquer português sabe, arrumamos sempre a casa para as visitas e é no turismo que arrecadamos todas as distinções.

Ironicamente, um país que de forma corajosa se lançou a descobrir o mundo tem tanto medo da liberdade.

João Saltão

c/ Cláudia Nunes


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