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Destas últimas trapalhadas da "realpoltick à la portugaise", e da leitura de um comentário do amigo Eduardo Franco Madeira ocorre-me o seguinte:
A última revisão constitucional já permite alterações à Lei Eleitoral no sentido da criação de círculos uninominais (distritos, conselhos ou outros), para eleição de deputados à AR.
Caso tal reforma da Lei Eleitoral fosse instituída, poderíamos chegar à câmara de voto e encontrar um boletim onde figurariam os nomes e fotos dos candidatos do nosso círculo, e não o símbolo do partido, como acontece no nosso sistema eleitoral actual.
Assim, de entre os candidatos do nosso conhecimento de proximidade (círculo), escolheríamos o que mais provas de competência e fiabilidade apresentasse, fosse ou não da nossa cor ou simpatia politica.
No mesmo boletim eventualmente figuraria também uma coluna com os simbolos dos partidos (círculo nacional, como por ex.o no caso alemão), que serviria para indicarmos a nossa opção partidária, caso esta não coincidisse com a do candidato por nós escolhido nos círculos uninominais (circulo de compensação).
Outro sistema eleitoral, o sistema inglês (só com círculos uninominais e sem círculo nacional de compensação), também se constitui como um sistema eleitoral verdadeiramente democrático.
Prova disso é o facto de nos últimos anos, o Partido Conservador (no poder com o necessário apoio parlamentar), mudou três vezes de Primeiro Ministro, isto porque no Reino Unido quem manda é a Câmara dos Comuns, que procederá à substituição do 1.o ministro ou mesmo de ministros, quando estes são incapazes e/ou incompetentes para o exercício de funções governamentais.
Desta forma, seriamos nós eleitores a escolher directamente os nossos representantes, a quem poderíamos pedir contas ao longo e no fim do mandato, em relação às suas promessas eleitorais, e não os "poilteburos" dos partidos que escolhem os candidatos numa lógica de aparelhismo partidário e amiguismo.
É também por esta razão, que os melhores e os mais competentes, que não se sentem confortáveis nas jogadas palacianas e intrigas do aparelhismo partidário, demitem-se de participar na mediocridade da "realpolitick" à la portugaise, deixando espaço para os imensos desbiografados que povoam as concelhias e distritais dos partidos, à espera da sua vez de apaniguados do orçamento geral do estado, via deputados, assessores, adjuntos, chefes de gabinete, dirigentes da AP, secretários de Estado, ministros e tudo onde o poder nepotista (e agora absoluto), põe a mão.
João Saltão
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