A Administração Pública perdulária












Enquanto quadro da Administração Central do Estado (já aposentado), assisti a práticas de gestão perdulárias, por parte de alguns "comissários" dos partidos do centrão, investidos de dirigentes de topo e intermédios da AP, muitos deles desbiografados, destituidos de competências para as funções para as quais foram nomeados e, "normalmente", nomeados em regime de substituição, figura administrativa, que com o tempo passou de excepção a regra, isto é, provimento do lugar sem concurso público.

Desbaratavam-se imensos recursos em "jogos florais", como congressos  seminários, campanhas disto e daquilo, aluguer de edificios para serviços desnecessários, renovação de frotas de carros, adjudicações de serviços de informática desproporcionais, avenças com juristas, quando os serviços detinham-nos às dezenas, etc., etc, etc.

Directores gerais, presidentes de institutos públicos e afins, muito ufana e vaidosamente ocupados, tinham particular gosto de ir a despacho com o Sr. Ministro/Sec de Estado e muitas vezes com os os chefes de gabinete e assessores, que muito regularmente desconheciam os dossiers da sua tutela.

Não era raro irem de carro com motorista ao Ministério ou a outro serviço, que ficava a dois quarteirões ao lado.

Entretanto eram criados inúmeros procedimentos administrativos para aplicar nos serviços desconcentrados, por forma a agradar à tutela, complexificar o sistema burocrático, tendo como corolário a complicação da vida dos cidadãos.

Isto tudo acompanhado de péssimas medidas de gestão de recursos humanos dos dirigentes e desmotivação crescente dos dirigidos, salvo o desconto desta generalização, uma vez que sempre existiram bons quadros e funcionários na AP.

No meio de tudo isto, os funcionários penavam com as cotas e avaliações do SIADAP, que era uma forma subtil de dividir para reinar, de efeitos pouco práticos na melhoria da qualidade do desempenho.

Já saí há dez anos .... não sei se melhorou!

João Saltão

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