A democracia portuguesa, apesar de ter permitido a generalização de algum bem estar social, também criou um regime sórdido e corrupto, com base no "aggiornamento " de milhares de impreparados e desbiografados, para a gestão da coisa pública.

E o que daqui resultou ao fim de mais de 40 anos de desmandos?

Um Estado falhado e viciado no nepotismo, oportunismo, amiguismo, seguidismo e videirismo ... e outros ismos que me avergonho aqui de referir.

E então em que ficamos?

Esperar que Sua Excelência o PR e a oposição pífia do PSD (por enquanto dito partido alternativo de poder!!??), assumam o seu papel/dever institucional?

O primeiro, enquanto garante do funcionamento das instituições, vai deixando marinar o deslaçar das mesmas, pela incompetência e ausência de políticas reformistas do governo, e o segundo à espera de se constituir como oposição competente e contundente, por forma a afirmar-se e ao seu partido, como alternativa de governo (dizem que ainda é cedo e não está preparado 😀 ...).

E o que nos espera?

Assistir sem apelo nem agravo, ao desmoronamento do que resta do Estado falhado, com o esmagamento social e económico consentido e, por enquanto incontestado, do povo eleitor?

Continuar a tolerar um sistema de Justiça, ronceiro, obsoleto e corporativista, que vai procrastinando o essencial do combate à grande corrupção, num emaranhado e complexo preceituado juridico-administrativo, que as "elites", políticas, interessadamente ajudaram a construir, à luz do alegado "Estado de Direito democrático"?

Soares proclamou um dia que os portugueses exercessem o seu "direito à indignação".

Os portugueses demoram muito a indignar-se.

Que me lembre a última grande indignação nacional, aconteceu em 2012 com uma grande manifestação em Lisboa contra a austeridade/TSU.

Só que hoje a manipulação politico-comunicacional da maioria, consegue desviar as atenções do essencial (travagem do Estado falhado), com histórias e historinhas mal contadas e não assumidas pelos seus infractores, como esta recente polémica do palco do Trancão. 

Ou seja, pão e circo para entreter os que ainda acreditam no "pai Natal". 

João Saltão

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