AMOR OU (DES)AMAR EM SETEMBRO

 

Impõe-se começar por um aviso à navegação: Este mês de Setembro foi demasiado doloroso na minha vida para sequer ter energia de escrever esta Carta. Ainda assim persisti, porque sei o quanto a escrita me é essencial e me ajuda a transformar estas emoções que abundam cá dentro. Será por isso uma carta acompanhada de muitas lágrimas e doses maciças de nostalgia. Se não estás num dia em que te apeteça sentir isto, então guarda-a e abre-a apenas num dia em que te permitas sentir emoções classificadas como desconfortáveis.

É verdade que Setembro é o mês do equinócio do Outono, mas nunca esperei que esta estação do ano me levasse tanta coisa. Sinto-me como aquelas árvores cujas folhas vão caindo e vão ficando completamente despidas para o Inverno que aí vem. Curiosamente li sobre isto há uns tempos num sítio qualquer que falava sobre como é essencial às árvores deixarem cair as folhas, para que elas não consumam demasiado energia e a árvore possa sobreviver. Acho que me sinto exatamente assim! Estou a deixar ir muita coisa na minha vida para preservar energia essencial para a próxima estação que se avizinha. Acho que não podia estar mais alinhada com a estação do ano neste sítio onde estou agora. Só me faltam os dias cinzentos, típicos do Porto, aquele friozinho bom que apetece estar de pijama e manta em casa enquanto acendo velas, faço chá e deixo o bolo a cozer no forno. 

E se as temperaturas à tarde ainda nos lembram o Verão, até porque há exatamente uma semana estava na praia a tomar infindáveis banhos de mar, a verdade é que tenho os pés frios neste momento em que escrevo esta Carta e isso é o maior sinal de que o Outono está mesmo aí, por mais que teimemos em não o querer assumir. Por isso é hora de largar as folhas para não comprometer a sobrevivência à estação invernosa que se avizinha. O que me tem levado a pensar numa das perguntas filosóficas mais permanentes de sempre na minha vida: 
Como sabemos quando é hora de desistir e quando é hora de persistir? Afinal de contas não somos árvores cujas estações sejam evidentes e nos digam logo qual é o passo seguinte a tomar. As nossas estações internas são muito mais subtis e às vezes podem até estar em contraciclo com a Natureza. 

Não sei se há uma resposta única a isto que nos sirva em todas as alturas e que nos dê uma clareza absoluta a tal ponto que a dúvida deixe de existir. O que sei é que esta é provavelmente das respostas mais difíceis de encontrar... (E novidades? - perguntam vocês!) Se por um lado vivemos numa sociedade e num tempo em que as pessoas que persistem são altamente valorizadas e glorificadas, ao ponto de Hollywood adorar estas histórias para as colocar no grande ecrã, também vivemos na mesmo sociedade e tempo em que cada vez mais assumimos a desistência não como uma falha de carácter, mas muitas vezes como (auto) preservação.

Então, afinal de contas, persistir é benéfico ou prejudicial para nós mesmos? E desistir pode mesmo ser sinónimo de força ou é apenas o assumir da fraqueza? Quando é que persistir é sinónimo de perseverança e quando é que se torna persuasão? Onde está a linha que divide a peristência da insistência? Quando é que persistimos porque acreditamos genuinamente no resultado e quando é que estamos apenas cegos pelo nosso desejo? E quando é que de tão habituados que estamos a romantizar vidas difíceis, muito por culpa de Hollywood também, nos apaixonamos pelas nossas feridas e dores e persistimos para lá do saudável? Afinal de contas, como se lê algures, o que distingue um génio de um logo é apenas um resultado final diferente.



Mas no que toca ao Amor, ultimamente uma das queixas que mais frequentemente oiço é que as pessoas cada vez desistem mais facilmente dele. Que já ninguém quer amores que deem muito trabalho. E que coisas que exigem muito esforço é porque provavelmente não têm de ser. Que quando as coisas têm de ser acontecem, seja como for. Acho que no que toca ao trabalho e ao amor, vivemos cada vez com dois pesos e duas medidas! Acabamos por colocar imenso esforço num e muito pouco no outro. E isto acontece por inúmeros motivos: seja porque vivemos numa sociedade altamente capitalista onde é importante estar sempre a fazer a roda girar para que o rato não pare lá em cima, seja porque vimos de um passado romântico onde muitas histórias de amor eram tóxicas e estamos agora a começar a despertar para isso, seja porque de facto crescemos com esta (falsa) ideia de que é possível ser brilhante em tudo, seja porque somos uma geração que foge do desconforto a sete pés, como o Diabo da cruz, e fazemos de tudo para permanecer numa zona confortável, seja porque as aplicações de online dating tornaram possível encontrar o amor em cada swipe! A verdade é que o motivo dificilmente será único. Há sempre demasiadas variáveis a coexistir para podermos dizer que é um fator ou o outro.

Então como é que no meio de toda esta confusão que é a vida pós-moderna, podemos saber quando desistir e quando persistir? Não tenho uma resposta única queridos/as leitores/as. Tenho apenas estratégias que uso que podem ajudar-vos também a vocês a chegar a uma resposta e que partilharei convosco:

  1. A primeira delas é sempre começar por me colocar de fora, ou seja, pensar no que diria à minha melhor amiga ou ao meu filho, naquela situação. Se eu estivesse no papel de ouvinte daquela questão, o que lhe diria genuinamente? Dir-lhe-ia para persistir ou para desistir? Avaliando racionalmente a situação, quais as hipóteses de sucesso? E valerão o esforço necessário? Isto ajuda-me sempre a tentar ganhar racionalidade sobre o tema e a minimizar o peso das emoções.
  2. Depois tento perceber se não estará a haver um esforço enviesado, positiva ou negativamente, naquela área em particular. Se fosse noutro campo da minha vida, teria assim tanta vontade de persistir naquilo ou já teria desistido mais cedo?  Ou estou a desistir demasiado cedo ainda entes de saber o que pode vir a ser? Isto dá-me pistas para perceber se haverá algum motivo inconsciente que me faça aproximar ou afastar daquele tema e que eu possa aos poucos começar a ver e a perceber que talvez, na verdade, nem tenha nada a ver com isto, mas seja, sim, uma tentativa de reviver um passado com o qual ainda não estou em paz.
  3. Outra coisa que eu tento perceber é se aquela desistência ou persistência tem impactos negativos noutras áreas da minha vida? Se desistir daquilo é apenas uma fuga que me vai causar problemas noutra área ou se persistir ali vai ter um custo elevado noutras esferas da minha vida? Se for algum destes casos, então provavelmente estamos apenas a fazer a fuga para a frente e atentar ignorar o óbvio.
  4. Uma coisa que me ajuda muitas vezes é questionar o motivo pelo qual estou ali. Porque é que continuo a persistir naquilo? Será que o motivo original que me levou ali ainda se mantém? Ou será que já mudou tanto que eu própria me perdi nesta ideia romântica de persistir? Ou será que estou apenas num dia mau em que vejo tudo sob um lente escura? Será que é apenas mais um esforço que já não me sinto capaz de fazer porque estou numa fase difícil, apesar de já ter ultrapassado bem pior? Será que estou apenas a duvidar da minha própria capacidade de ser bem-sucedida? Às vezes passa tanto tempo que tenho de perceber em quem me tornei e se as coisas ainda me fazem sentido ou se são apenas lembranças e saudade de quem eu costumava ser. Aconteceu-me com esta newsletter por exempo!
  5. Por último, tento avaliar o que sinto. E aqui geralmente é onde a porca torce o rabo! Porque as nossas emoções são coisas aprendidas bem lá atrás, que por vezes se confundem com instinto e fazem com que a nossa intuição fique muda perante tanto ruído externo que nos condicionou. Tem sido este o meu maior trabalho interior nos últimos anos, distinguir a voz da intuição da voz dos condicionamentos. E muitas vezes as minhas emoções traiem-me. Não posso apenas confiar nelas. Todas as minhas decisões demoram porque exigem um equilíbrio perfeito entre as minhas emoções e a minha razão. E isso é uma negociação que muitas vezes demora muito tempo a acontecer. É basicamente um processo de negociação de paz, ao melhor estilo ONU, que acontece dentro da minha própria cabeça. 

Há coisas que nos marcam na vida, e apesar de eu nunca ter lido o Harry Potter, a história da J. K. Rowling e o facto de ela ter levado tampas de 16 editoras antes de ter conseguido publicar o primeiro livro da saga, que veio a ser um negócio de milhões de dólares, sempre me fez questionar sobre quando é que devemos desistir ou persistir. Seria muito fácil ter arrumado o livro na gaveta e ter seguido com a vida por outro caminho distinto. E, quiçá, poderia até ter feito dela uma pessoa ainda mais feliz! Não fazemos a mínima ideia... Mas é importante não esquecer também que haverá muitas mais histórias de pessoas que levaram tampas consecutivas, sem nenhum final feliz e que por isso nunca figuraram na memória coletiva que preservamos. Mais uma vez, o perigo de romantizarmos a dor é precisamente este. Damos demasiado protagonismo apenas às histórias que parecem ter um final feliz.

E se é verdade que a maioria das pessoas, atualmente parecer ter muita facilidade em desistir de uma relação para seguir em frente, para perseguir os sonhos profissionais, para se sentir realizado na vida, também é verdade que há autênticas relações tóxicas que não merecem persistência nenhuma. Se às vezes, temos mesmo de enfrentar o desconforto e aceitar que vai ser difícil e doer, outras vezes também teremos de assumir que não é aquele o caminho que queremos e que sabemos que podemos ter e fazer melhor. Não vai existir uma resposta única que sirva em todas as situações. Mas vão existir estratégias que para cada uma dessas situações nos vão ajudar a perceber qual é a decisão mais correta a tomar ali. E que pode ser diferente daqui a uns meses. Temos de fazer as pazes com o facto de termos feito o melhor que sabíamos naquela altura, mesmo que tenha sido errado porque agora, ou no futuro, saberemos mais e melhor. No que toca à decisão de persistir ou desistir acho que uma boa unidade de medida é a pergunta: 
Vou-me arrepender de não ter feito isto, no final da minha vida, ou de o ter feito se correr mal?  

Seja qual for a vossa resposta, o meu conselho é apenas um: 
Muita disciplina para persistir e muita consciência para desistir.

 
Um beijo persistente da vossa Miss Lolita Von Tease   

 

Resumo do Mês:
 O que me fez chorar:
  • Este mês começou com a notícia que ia deixar de ter trabalho a partir de dia 15. A minha entidade empregadora está em reestruturação interna e o meu posto de trabalho deixava de ter sentido e por esse motivo ia ser extinto. Acresce a isso o facto de não ter 12 meses de descontos ainda, e como tal não ter direito a subsídio de desemprego. Porque ser bolseira de investigação em Portugal é tão fixe, que apesar de pagarmos Seguro Social Voluntário, temos basicamente zero direitos a proteção social de algum tipo. Como podem imaginar, depois do momento de pânico e choque - porque sim, fui totalmente apanhada desprevenida sobre o assunto, tive zero sinais de que pudesse acontecer e aconteceu precisamente duas semanas antes do meu filho iniciar a escola primária! - desfiz-me num pranto! Não apenas porque me senti genuinamente muito frágil, mas principalmente porque me senti absolutamente perdida. E estou cansada, estou muito cansada de tantas lutas na minha vida que parecem nunca mais acabar. Vi um sonho a desfazer-se à minha frente e eu não tive a mínima hipótese de o salvar. Valeu-me o meu melhor amigo, que tirou a tarde para me dar um ombro amigo e me quis arrastar do escritório para fora. Acho que levei uma semana a chorar diariamente o meu luto. E depois arregacei as mangas e tive de me organizar para levar a vida em frente! Não têm sido dias fáceis... Não tive férias este verão - e vou continuar sem ter, porque desemprego! - tive de dar uma reviravolta na minha casa para conseguir continuar aqui a viver com espaço, tive de me organizar para tratar de tudo para o início do ano escolar do meu filho e no final disto tudo levo com um desemprego em cima. E convenhamos que o mercado na minha área está genuinamente parado... E pela minha experiência só vai animar em Janeiro, porque a economia já viu melhores dias e as contratações acontecem sempre muito mais no início do ano. Para já o plano é procurar trabalho, que me faça sentido. Não é pelo facto de estar desempregada que vou a todas. Quero ser muito consciente com o meu tempo e os meus valores. Até lá, estou apostada em ver se termino de escrever a Tese de Doutoramento e entrego isto até Janeiro. Precisarei de muita força de vontade - eu sei! - mas essa é a vantagem de ter um filho. Vamos ao osso se for preciso para aguentar! No próximo mês logo vos conto como está a correr...
 O que me fez sorrir:
  • Obviamente que após esta notícia de um desemprego sem um fim à vista, tive muitos dias difíceis, mesmo depois de já ter aceite a inevitabilidade da coisa. E tive dias genuinamente difíceis, principalmente porque eu sou uma pessoa de pessoas e estar sozinha em casa sem grandes objetivos é muito duro para mim. Num desses dias, estava eu a navegar pelo Twitter, porque uma amiga me tinha mandado um tweet sobre o Tinder a que eu respondi, quando recebo a notificação de alguém que me tinha começado a seguir e reparei que a frase de perfil dessa pessoa dizia algo como "deixar o mundo um pouco melhor do que o encontrei". E aquela frase ressoou comigo... Tomei a iniciativa de lhe enviar uma mensagem a dizer que gostava da frase, sem qualquer intenção subliminar. Daí até trocarmos números de telemóvel e passarmos a conversa para o WhatsApp, não sem antes trocarmos perfis de Instagram, foram cerca de umas 3 ou 4 horas. Basicamente abri a alma e contei-lhe tudo o que se estava a passar e encontrei um ouvido amigo capaz de encaixar tudo o que eu ia dizendo. Temos falado diariamente, temos partilhado músicas, imagens, frases, acontecimentos de vida, opiniões, conversas parvas. Não há nenhuma expectativa de nos encontrarmos, nem eu tenho capacidade emocional de pensar nisso neste momento. Diria que muito provavelmente daqui a um par de semanas vai desvanecer-se no céu, tal como apareceu e estará tudo bem igual. Seja como for, foi alguém que me fez sorrir e reforçou a minha crença de que as pessoas são naturalmente boas. A imagem foi ele que me enviou no contexto da nossa primeira conversa e eu acho-a deliciosamente bizarra! Acreditem ou não é uma imagem feita por Inteligência Artificial. 

 O que me tirou da zona de conforto:

  • Esta secção este mês pode ser basicamente toda a minha vida! Desde ter ficado sem trabalho, ter-me despedido dos amigos que fiz no emprego, ter-me despedido do (Candy) Crush, ter o meu filho a entrar na escola primária, ter finalmente terminado as obras em casa, ter mudado o meu quarto e do meu filho, ter dispensado a minha empregada. Acho que não há uma única porra na minha vida que tenha ficado no lugar, depois de me terem tirado o tapete debaixo dos pés! Estou aos poucos a habituar-me a esta nova realidade que não faço a mínima ideia de quanto tempo irá durar. Na minha consulta com a minha psicóloga esta semana ela disse-me que eu precisava de alargar aquilo que sentia como a minha zona de conforto e desafiou-me a largar a minha casa e o meu sofá. E ela tem razão! Num destes dias de desemprego um amigo meu convidou-me para almoçar e nesse dia cheguei a casa mesmo bem-disposta e genuinamente feliz. É notório que preciso de me pôr mais lá fora e isso fez-me pensar se emocionalmente falando, também preciso de o fazer. Até porque nesta fase da minha vida deixei de me identificar com os meus amigos mais próximos e isso está a "obrigar-me" a conhecer pessoas novas com quem me sinta mais identificada e capaz de partilhar coisas que me são importantes. Mas eu conheço o processo da zona de conforto e se for demasiado desconfortável é mais prejudicial que benéfico, por isso tem de ser algo que seja feito gradualmente e devagar. Vamos ter de perceber primeiro qual é a nova zona de conforto antes de ser capaz de sair dela.

 O que quero fazer no próximo mês:

  • Desde que decidi deixar de ter Instagram instalado no telemóvel - podem ler sobre isso na Carta #5 - é verdade que me desabituei bastante de tirar fotografias e de captar a beleza e perenidade das pequenas coisas. Pode não estar relacionado admito, mas neste momento quase não tenho fotos de pequenos momentos que às vezes me dão bastante conforto na vida. E por isso decidi que a partir de dia 1 de Outubro começarei um desafio de fotografia. É provável que não o cumpra - eu conheço-me, sou péssima nisto! - mas por menor que seja a duração, sei que durante os próximos tempos isto vai alimentar-me a alma e dar cor e algum sentido aos meus dias. Após uma breve pesquisa, dei de caras com este e achei que podia ser interessante o suficiente. Já fiz um desafio destes em Agosto de 2018, Dezembro de 2018 e Dezembro de 2019. E são sempre coisas que me obrigam a parar e a pensar de forma criativa e plena. Acho que é exatamente o que preciso neste momento. E ainda por cima é grátis que é coisa bastante necessária nesta fase da vida! Por isso a partir de dia 1 de Outubro, lá estarei no Instagram a mostrar as minhas interpretações sobre estas ideias. Se me quiserem acompanhar são sempre bem-vind@s!
O melhor de Setembro:
 Para ver:
  • A verdade é que este mês com tudo o que tive de resolver na minha vida, com todo o luto que tive de fazer e após ter voltado a instalar o Instagram, acabei por ter pouco tempo e vontade de ver coisas novas. Estou basicamente a acabar de rever as séries todas d'O Sexo e a Cidade, ando a ver também The Time Traveler's Wife, uma série estranha, mas bastante curiosa sobre duas pessoas casadas que acabam por se conhecer muitos anos antes de se apaixonarem. E ainda fui ao cinema ver o filme mais estranho de todo o sempre Três Mil Anos de Desejo, que ainda hoje sinto que não compreendi verdadeiramente, mas que me levou de volta a Istambul e deixou-me matar saudades de uma época bonita da minha vida. Mas como nenhuma destas opções me encheu verdadeiramente as medidas, lembrei-me de uma série que já vi há uns anos, na altura dos confinamentos creio, e que foi intensa o suficiente para me ficar na memória: What / If. Os resumos dirão que é uma série sobre uma investidora e uma bióloga que fazem um estranho acordo. Para mim, é uma série sobre a psique humana e os jogos de poder que fazemos. Ali, a determinado ponto há uma dúvida sobre a questão amorosa central da série que pode levar à destruição de um casamento e eu acho que é curioso perceber como muitas vezes somos nós que criamos autênticas realidades paralelas, apenas porque nos sentimos na posição de vítimas ou de pessoas desempoderadas. É uma série que me prendeu do princípio ao fim e para a qual gostava mesmo de ver uma 2.ª temporada a aparecer!  
  Para ler:
  • Não sei se comece por dizer que me sinto mais culta por ter lido mais um Prémio Nobel ou se por explicar que há cerca de 7 anos deixei de conseguir ler romances. Acho que mais vale despachar já esta última parte e comentar que acho curiosa esta minha dificuldade em ler romances desde que me desfizeram o coração em mil pedaços e eu decidi amuralhá-lo fortemente. Consegui ler um romance (O Amante Japonês, da Isabel Allende) nas férias de verão de 2019 e agora novamente este "Travessuras da Menina Má". Acho que são os únicos romances que li desde 2016... Posto isto, a verdade é que este ano andava com vontade de alguma leveza novamente na minha vida, e tinha este livro à minha espera na prateleira há uns tempos. E que livro, senhores! Percebe-se perfeitamente porque é que Vargas Llosa é um Prémio Nobel! A riqueza de cenários, a cultura subliminar, a complexidade e densidade psíquica das personagens é de alguém que viveu muito e viveu-o intensamente, sem se deixar consumir pelas vivências, mas não as embelezando, nem as tornando plásticas. É um livro sobre um Amor doentio, com um grande risco de ser visto como romântico. É um livro sobre como a pobreza nos pode moldar o carácter e traçar um destino. É um livro sobre como podemos deixar de viver por um amor que não é saudável e como isso nos pode destruir. Mas é também um livro sobre como o amor nos pode curar, se deixarmos. É um livro com uma riqueza humana magistral, que fez as minhas delícias nas poucas tardes de praia e piscina que usufruí este verão. 
 Para ouvir:
  • Foi uma amiga minha, que por acaso faz parte do meu grupo de Divas (mais infos sobre isto nas Pontas Soltas, lá no final!) que me deu a conhecer o Rangan Chatterjee que é um tipo que aprecio! Ora esta minha amiga, que eu conheci nas CreativeMornings vivia ela no Dubai, é uma das pessoas que enche a minha vida de novidades interessantes. Comecei a ouvir alguns episódios e fui desconstruindo algumas certezas que tinha e esclarecendo umas quantas dúvidas. Tenho aprendido coisas com o este Feel Better, Live More. Acho que às vezes, o Ragan leva convidados ao podcast que viajam demasiado na maionese, mas na sua maioria são pessoas com carreiras científicas sólidas e com perspetivas pouco ortodoxas sobre coisas que achamos verdades adquiridas e por isso vale a pena ouvir. Este mês, um dos convidados foi o Gabor Maté que é um médico que sigo com imensa curiosidade porque tem uma perspetiva muito interessante sobre o trauma e como lidamos com ele. Neste episódio ele fala muito sobre como as nossas adições são respostas adaptativas aos traumas, como isso impacta as nossas relações parentais e familiares, sobre o papel das relações amorosas no processo de cura, sobre como vivemos permanentemente em stress e como isso nos impacta e o que podemos fazer para encontrar formas de curar tudo isto. É um episódio onde se questionam muitos paradigmas e, talvez precisamente por isso, fez-me perfeito sentido. Mas é também um episódio forte, pelo que tem de ser digerido em partes e exige dedicação. 
 Para descobrir:
  • Eu gostava de conseguir explicar este dom que é encontrar coisas estranhas pela internet fora, mas acho que não é um dom, é mesmo só demasiado tempo livre nas mãos e uma curiosidade insaciável que me leva a descobrir coisas inúteis, mas que me enriquecem a vida! Ter amigos que gostam de fazer isto e partilham coisas destas comigo também é um bónus da coisa! Mas esta descoberta é apenas minha e surgiu quando procurava exercícios para dinamizar grupos. Nessa pesquisa dei de caras com este projeto: "Six-Word Memoirs". Basicamente é um site onde podemos escrever uma história em apenas 6 palavras, que pode ser sobre a nossa vida em geral ou sobre uma temática da nossa vida em particular.  Obviamente que eu já fui lá escrever o título do filme da minha vida mal descobri a coisa! E digo-vos que é super difícil conseguir condensar tudo em 6 palavras. Há várias secções temáticas para estas memórias em 6 palavras, mas acho que a secção sobre a pandemia, a par com a secção sobre dor e esperança são, sem dúvida, algumas das minhas favoritas. E obviamente que há uma secção inteira dedicada às memórias das histórias de amor que é muito bonita de ler também! Explorem todas que há coisas deliciosas apenas em 6 palavras. E se puderem, submetam a vossa que é sempre um bom exercício para se fazer, enquanto se pensa na vida e na forma como gostaríamos de ser lembrados. 
Sugestões para pensarmos:
Já sabem que aqui não há regras! Podem responder a tudo, podem responder apenas a uma pergunta. Vocês é que sabem o que vos faz sentido. Mas aconselho-vos vivamente a escrever a resposta, nem que seja nas notas do telemóvel, ainda que a escrita à mão tenha mais benefícios. Está provado cientificamente, se tiverem dúvidas!

Este mês a lista de perguntas continua a ser menor. Acho que às vezes pergunto demasiadas coisas e tenho de fazer um esforço consciente para não continuar a desenrolar o novelo. Isto explica facilmente porque é que tenho pessoas com que poderia estar dias e semanas inteiras a conversar e nunca me iria faltar assunto. Ou porque é que preciso de tempo de qualidade com as pessoas que amo! Mas este mês tenho demasiadas dores com que lidar para poder escavar assuntos com perguntas que nunca mais acabam. 

Espero que este pequeno exercício vos seja útil e possam ganhar novos níveis de consciência por alguma pergunta que tenha ressoado de uma forma diferente convosco.  
  1. Como decides se um assunto ou decisão na tua vida é para persistir ou desistir? O que sentes quando achas que é melhor desistir? E o que sentes quando achas que vale a pena persistir? O que te faz persistir? E o que te faz desistir? De que coisas já desististe antes e não te arrependes? E em que coisas persististe para lá do que devias? O que aprendeste com cada uma delas? 
  2. Qual é naturalmente a tua zona de conforto? É a solidão ou é estar rodeado/a de outras pessoas? O que fazes conscientemente para saíres da tua zona de conforto? Como te desafias a ires mais longe? E como sabes quais os limites que é importante ultrapassares para poderes crescer e aqueles que deves manter porque são vitais à tua estabilidade?  Porque é que achas que nos dizem que sair da zona de conforto é uma coisa boa? E acreditas nisso ou achas que não é? Lembras-te de alguma situação em que seja melhor permanecer na zona de conforto?
  3. Se tivesses de descrever a tua vida em apenas 6 palavras qual seria o título que lhe darias? Estás satisfeito/a com esse titulo ou gostavas que fosse diferente? E se esse título fosse o nome de um filme sobre a tua vida sentes que serias a personagem principal? Qual seria o/a artista que faria a maioria da banda sonora desse filme? Em que ano iria decorrer? E em que local do mundo? Quem seria o/a co-protagonista? E as personagens secundárias? Achas que seria um filme com um final feliz? 

Pontas Soltas...

 
Nesta secção há sempre muito para atualizar, não é? E eu até aposto que para aqueles e aquelas que leem a carta toda seja das secções favoritas porque é onde eu basicamente abro a porta da minha vida.

Decidi retirar as letras das músicas, porque percebi que ninguém ia ouvir música nenhuma e aquilo ainda me dava algum trabalho a pesquisar e linkar.

Assim sendo, vamos manter os pontos principais da atualização da vida: amor, amigos e família! Sobre trabalho já falei tanto a carta toda que este mês já não entra aqui. No próximo logo veremos...  
 
  • 🍭 (Candy) Crush: Com a minha saída do trabalho tivemos obrigatoriamente de nos despedir, porque vamos deixar de nos encontrar quase diariamente. Combinámos almoçar apenas os dois num dos meus últimos dias e estivemos mais de 2h a conversar. Falámos sobre as férias dele, mostrou-me fotos das férias com os amigos, falámos sobre as mudanças no trabalho, sobre os meus planos para o futuro, sobre o que eu queria fazer, sobre todas as emoções que esta saída me provocou. E falámos inevitavelmente sobre o que representámos na vida um do outro nestes 6 meses, tendo chegado à conclusão que a presença do outro nas nossas vidas nos mudou. Aprendemos muitas coisas novas sobre nós mesmos e sobre outras formas de ver o mundo e a vida. Concluímos que saímos daqui mais ricos, mais maduros e acima de tudo mais conscientes de nós e do outro. E aquilo fez-me sorrir enquanto me dava vontade de chorar. Se isto não é o objetivo máximo de uma relação amorosa, então não sei nada sobre o Amor, meus amigos! Isto nunca foi uma relação amorosa, mas foi sempre muito mais que uma amizade. Eu compreendo que haja inúmeros motivos pelos quais ele prefira manter as coisas neste nível. Mas eu quero mais do que isso e não o podendo construir com esta pessoa, decidi fechar o capítulo. Poderemos ser bons amigos, mas mesmo isso não serei eu a fazer o esforço. A vida dá muitas voltas, mas eu desconfio que no próximo mês esta rubrica já aqui não estará... Pelo menos com este nome!
 
  • 💃🏼 Divas: Na altura do 2.º confinamento da pandemia, uma grande amiga minha que vivia sozinha e tinha-se ressentido disso no primeiro confinamento, decidiu criar uma espécie de reunião semanal no Zoom aos Domingos à noite para termos algum contacto social e falarmos de conversa de raparigas. Eu fui a pessoa da conexão (como sou sempre!) e juntei 8 almas femininas para esta brincadeira, que entretanto passaram a 11 e que vão do Brasil ao Dubai, passando pela Áustria e por diversos pontos de Portugal. Durante uns 3 ou 4 meses falámos de tudo, desde depilação masculina, ao facto de sermos ensinadas a ser compassivas, à pré-menopausa, a conquistas profissionais, à síndrome de impostor. Tema foi sempre coisa que nunca nos faltou! E chegámos inclusivamente a fazer uns quantos jantares presenciais no verão, quer no ano passado, quer este ano para continuarmos a conversa ao vivo e a cores. Esta minha amiga, que apesar de viver em Aveiro, foi um absoluto pilar na minha vida nestes últimos quase 4 anos porque passou por um processo de Doutoramento na mesma altura que eu, partiu hoje para uma nova aventura em Estrasburgo. Eu estou super feliz por ela, acho que vai ser a aventura de uma vida, sem dúvida alguma! Mas cá dentro é mais um luto que se instalou. Vai faltar-me a companhia da sangria na praia, dos passeios à beira-mar, dos brunchs de Domingo, dos almoços de sushi, dos passeios de barco, do colo para chorar, das palavras sempre otimistas perante todas as adversidades, do porto seguro para os dias em que estar sozinha doía demais. E eu sei que continuaremos a estar à distância de um WhatsApp, mas é mais uma das minhas pessoas pilar que está espalhada pelo mundo! Às vezes canso-me que todos os meus amigos-pilar estejam longe. E hoje estou cansada de chorar pela distância.  
 
  • 👦🏼 Criança: Tenho um filho que entrou no Ensino Básico! Como assim tenho um filho que entrou no Ensino Básico se eu sou a mesma que era quando tinha 16 anos?!?!?! A minha imagem congelou nos 16 anos. Vejo-me diferente no espelho, sinto-me diferente no corpo, compreendo-me distinta na mente e sei que não sou a mesma, mas ainda assim, na génese, não sou muito diferente de quem era quando tinha 16 anos e agora tenho um filho na escola. É a coisa mais estranha de sempre! Este ano é a grande estreia dele na escola pública e sinto que vai ser uma transição intensa. Já está a ser, aliás! Notei muitos comportamentos de chamadas de atenção, muito mais birras e cansaço ao final do dia, uma fome desmedida durante o dia. Tenho um filho que vai começar a aprender a ler e eu não me sinto preparada para esta fase. Ainda há meia dúzia de meses ele era um bebé que me cabia no colo e neste momento já é uma pessoa em miniatura a começar a compreender o mundo. Este ano foi também o ano em que começámos a natação aos Sábados e provavelmente ele vai também começar os escuteiros. Todo um novo mundo a acontecer! E claro que em pleno 2022, já fui adicionada a um grupo de pais no WhatsApp que é coisinha séria para dar uma rubrica por si só aqui nesta newsletter. Aguardemos!



Até ao próximo mês!
Miss Lolita Von Tease  

Sobre a Autora:
Miss Lolita Von Tease  
É o pseudónimo radiofónico de Ana I. Azevedo. Investigadora na área da Educação, deu por si a apaixonar-se por tudo o que era tecnologia e acabou a fazer um Doutoramento sobre isso.
Miúda, mulher e mãe, lisboeta que vive a norte, romântica pragmática, aprendiz de feiticeira digital e feliz! 

Já deixou notas românticas na caixa de correio dos vizinhos, já deixou poemas no metro, já escreveu declarações de amor anónimas e agora escreve cartas de amor nos tempos do digital.
Se gostaste de receber esta Carta de Amor Digital, reenvia-a a alguém que ames!
https://www.facebook.com/TinderelladoPorto
Instagram
Spotify
Email
Copyright © *Tinderella: O Amor nos Tempos do Digital* | Todos os direitos reservados


A nossa localização atual é:
Porto - Portugal
(Mas aceitamos convites para dates em qualquer lugar!) 

Estás farto de ouvir falar do amor? 
Podes sempre mudar coisas no teu perfil ou assumires que desististe de vez! 

Se fores embora é caso para dizer: Sim! O problema és mesmo tu, não sou eu! ;-)

Se achares que há apenas coisas que precisam de mudar nesta relação, podemos sempre comunicar e trabalhar nisto! 






This email was sent toajsaltao@gmail.com
why did I get this?    unsubscribe from this list    update subscription preferences
Ana I. Azevedo · Porto - Portugal · Porto 4200-000 · Portugal

Email Marketing Powered by Mailchimp

Comentários