Em época de entrudo e demais carnavais, a cidade prepara-se para receber os habituais festejos alusivos à quadra, graças ao empenho dos organizadores e dos grupos participantes, à população que aprecia estas manifestações e sobretudo ao respectivo financiamento camarário que apoiou em cerca de 50%, o investimento total dos festejos que rondou os 120.000€.
Não me irei pronunciar sobre a importância social, económica
e cultural deste tipo de eventos, uma vez que, como quaisquer outros, caso
satisfaçam os gostos, anseios e participação da população residente e
visitante, poderão ser promovidos e apoiados pela autarquia, ponto.
Em outras áreas culturais e de entretenimento que acontecem
na cidade, poderemos dizer que os serviços competentes da Câmara, asseguram ao
longo do ano uma razoável oferta de eventos, designadamente os que acontecem no
CAE, sejam os de mero entretenimento de pendor mais comercial, sejam
iniciativas de instituições e associações/colectividades locais (que as há e
muito boas no nosso concelho), que se apresentam regularmente ao público com
programas relevantes, nas áreas da música, teatro, teatro musicado, dança e
outras manifestações culturais.
É de assinalar e reconhecer também o valor da actividade educativa e cultural da Escola de Artes do CAE, no ensino de várias disciplinas
artísticas e na apresentação pública dos seus alunos em concertos e espectáculos de qualidade apreciável, onde se salientam, entre outros, as brilhantes actuações do Coro das Pequenas Vozes, da Orquestra de Jazz da Escola de Artes, e
de excelentes musicais envolvendo dezenas de jovens talentos da nossa terra.
As actividades do museu-biblioteca municipal não são
despiciendas, designadamente ao nível de mostras temáticas, da literatura e do
gosto pela leitura, bem como a programação cultural e de entretenimento do Casino.
É pena que a política cultural da autarquia, não
considere da mesma forma, outras manifestações culturais de importância
relevante para a cidade e para o concelho, designadamente as que se referem, por
exemplo, à perpetuação da memória do período mais brilhante da Figueira, ou seja os anos áureos do
turismo balnear (anos 40, 50 e 60 do século XX), através de uma exposição inforgráfica e multimédia, alusiva aquela época.
Para o efeito poderia ser usado o edifício do Castelo Eng.º Silva, propriedade da
autarquia, ou mesmo o Casino como espaço emblemático da época a retratar, visando perpetuar a
memória do ambiente ímpar da Praia da Claridade nos seus anos dourados, traduzido pelas férias felizes de
gerações e gerações de figueirenses e de milhares e milhares de veraneantes,
que de todo o lado rumavam até aos encantos da Rainha das Praias de Portugal, a
tal "das finas areias, berço de sereias procurando abrigo".
É pena que não se valorize a divulgação da história e da memória do passado glorioso da cidade, tão
cara aos munícipes que amam a sua terra, tal como se tem feito no apoio a outro tipo de eventos, também eles acredito, importantes para a
população.
Sei que são coisas diferentes, mas convenhamos, se houver
sensibilidade e vontade de acarinhar a realização de uma exposição sobre os anos dourados do turismo da Figueira,
seguramente que o montante dos encargos necessários para por de pé aquela
mostra, comparado com os milhares gastos em outros eventos (de
relevância discutível para a cidade), será elegível e não constituirá
impedimento para a sua realização.
A Figueira e os figueirenses que amam a sua terra agradecem.
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