Como é sabido, as Lagoas de Quiaios,
nomeadamente as Lagoas da Vela e das Braças, bem como os poucos equipamentos de
apoio existentes, estão em verdadeiro estado de degradação e abandono há muitos
anos.
A beleza natural que (ainda) podemos apreciar ao visitar estas lagoas, compensa o desânimo causado pela incapacidade das autoridades nacionais e locais em gerir aquele fabuloso património natural.
Como é sabido, estes
territórios estão sob a jurisdição de organismos da administração
Central, designadamente do Instituto da Conservação da Natureza, ICNF, e, no
caso das Lagoas, também da Agência Portuguesa do Ambiente, APA, ambos da
tutela do Ministério do Ambiente
As Juntas de Freguesia (Quiaios e Bom Sucesso)
também parecem alheadas das Lagoas, para não falar na Câmara Municipal da
Figueira da Foz.
Uma limpeza duas vezes por mês aos locais mais frequentados, arranjar bancos, mesas, torres de vigia, vedações e outras estruturas, são ações simples e básicas que facilmente se podiam realizar, e que dependem essencialmente da vontade dos decisores autárquicos locais, enquanto esperam (“ad eternum”) pela decisão da bondade de estudos e pareceres (alguns já realizados há muitos anos como o da CCDRC, entre outros), para fundamentarem candidaturas e financiamento aos Fundos estruturais da EU.
Por este andar, e considerando que o “lobby” e
pressão da CMFF junto do governo, ao longo de todos estes anos, não tem dado
grandes resultados, dá para ver que a intervenção há tantos anos pretendida nas
Lagoas de Quiaios, visando um novo segmento de atractividade ecoturística da
região poderá ficar para as “calendas gregas”.
Senão vejamos:
Em 2014, o executivo da
CMFF elaborou uma proposta de um Plano
de Intervenção no Espaço Rural daquele território, visando a valorização
dos parques de lazer e dos edifícios de apoio, a construção de um ecocamping,
a marcação dos percursos pedestres e de observação de pássaros, a construção de
ciclovias, desde a Serra da Boa Viagem até às Lagoas, bem como a melhoria
de algumas estradas das matas, entre outros.
Por forma a
implementar as acções decorrentes daquele plano, foi elaborada uma proposta de
protocolo de colaboração entre a CMFF, o ICNF, as Juntas de Freguesia
envolvidas e as empresas privadas que pretendessem apoiar financeiramente
este projeto.
Após a apresentação
do projeto junto do governo e das administrações centrais, designadamente o ICNF
(Ministério do Ambiente), juntamente com a CCDRC, e após sucessivas reuniões
com responsáveis daquelas instituições, parece que o Ministro da tutela há
época, se mostrou muito interessado e impressionado com as fotos que
patenteavam o estado de abandono da Lagoa da Vela, tendo prometido que iria
cuidar pessoalmente do assunto e que, em breve, daria uma resposta.
Nesse mesmo ano de 2014,
o projecto foi apresentado ao Secretário de
Estado do Ordenamento do Território e da Conservação da Natureza, (que
inclusivamente visitou as Lagoas), o qual mais não fez do que, durante vários
meses, empurrar o assunto para o Presidente do ICNF, o qual já em 2015, depois
do habitual e inócuo “ping pong” com a tutela, acabou por se mostrar muito pouco receptivo ao projecto,
tentando justificar que as estradas florestais não têm de ser
reabilitadas, pois servem perfeitamente os intentos do ICNF (circulação
de tractores e jipes); que as Lagoas estão em processo de eutrofização (aumento excessivo de algas), o que é natural e
expectável e que não há interesse em reverter este processo; que as matas e as
margens da Lagoa são propriedade do ICNF, que não quer ceder ou estabelecer
concessões, equacionando apenas como hipótese a assinatura de um protocolo com
a CMFF de cedência de alguns espaços muito bem delimitados, tais como os
parques de lazer (merendas, etc.), marcação de percursos e, talvez, a
ciclovia.
Tudo isto nos faz
concluir que há mais vida (na decisão política e dos interesses) para lá da
bondade e qualidade de um projecto!
Muito provavelmente
até hoje, a Câmara Municipal continuará na expectativa da resposta dos
sucessivos Ministros do Ambiente e dos seus apaniguados das Administrações
Centrais. Enquanto isso, as Lagoas de Quiaios continuam abandonadas e apagadas
do mapa das rotas de destinos ecoturísticos diferenciadores, coartando o
eventual desenvolvimento que a sua requalificação traria a Quiaios à Figueira e
tudo à volta.
João Saltão
Correram rumores dum projeto de Santana Lopes para o local. Seria esse?
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