ABSTENÇÃO .... OU NÃO !!!


 
 
 
 
 
 
 







No próximo dmingo, 25 de Maio é dia de eleições para o Parlamento Europeu, pairando na atmosfera a previsão de elavada abstenção, resultante da insatisfação, revolta e desinteresse dos eleitores pela "coisa" política e pelos políticos do establishment, decorrente das medidas arrasadoras do governo, por sua vontade e/ou a mando da Troika, que têm levado milhares de portugueses ao desespero, amargura e empobrecimento crescentes.

Resulta que a abstenção é um tiro no pé, porquê?

Porque os eleitores simpatizantes e/ou instalados na área de influência e beneplácito espectável dos partidos do arco do poder (leia-se PSD, CDS e PS), vão naturalmente votar nos seus apaniguados, na expectativa de continuar a "comer" (directa ou indirectamente) à mesa do orçamento de Estado. Aqui cabem os detentores das grandes, médias, pequenas e micro empresas clientes do "Estadão" amigo, a rapaziada do costume (leia-se boys que gravitam no in circle dos membros dos governos da alternância de conveniência), os militantes, jotas e simpatizantes convictos (que também os deve haver), os nomeados de luxo em altos cargos da Administração e Empresas Públicas, as classes profissionais de alto estatuto da função pública no activo ou aposentados, etc, etc, etc., que muito legitimamente, continuarão a contribuir para a manutenção do status próprio e da conjuntura.  

Por isso, não havendo votos contra a conjuntura partidocrática em número suficiente, o constitucional e muito discutível método de Hondt, encarregar-se-á de eleger a rapaziada do costume, nem que se verifique uma abstenção elevada na ordem dos 60% ou mais do eleitorado.
Assim sendo, que representatividade/legitimidade terão "os eleitos", caso ocorra aquela situação? 
Em ciência política, refere-se que a não participação dos cidadãos nos actos eleitorais que o regime (democrático) lhes confere, significa não concordância dos eleitores com o regime, isto é, pretende-se outro diferente, mesmo que não se saiba qual, nem tão pouco quais os seus contornos. Por outro lado, o voto em branco ou nulo, denota que não se pretende no poder qualquer partido, movimento ou coligação que se apresente a sufrágio, sendo as consequências eleitorais da respectiva não representatividade idênticas às da abstenção, na lógica do referenciado método de Hondt.

Mesmo considerando que nenhum político merece o nosso voto, há que votar contra, não importa em quem, importa é votar contra. Só assim conseguiremos remover do poder os responsáveis pela ruína económica e social e até politica a que chegamos, e assim podermos ter alguma esperança de que algo mudará no quadro da democracia representativa.
Afinal a meteorologia continua a prever céu geralmente muito nublado e temperaturas improprias para a praia no próximo domingo.
João Saltão
 

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