ADVOGADO CASTRADO....NÃO































A sala ficou gelada e houve poucos aplausos, quando o bastonário terminou a sua intervenção de abertura do Ano Judicial. Marinho e Pinto concluiu o seu «sexto e último discurso na cerimónia» considerando que a sua ausência no futuro «vai agradar a muitos»,
incluindo a si próprio.

 
Prestes a terminar o mandato como bastonário, diz que abandonará a sala com a consciência de que «disse tudo o que havia para dizer», «tudo o que devia ser dito». E hoje - à semelhança dos discursos feitos em outros anos, que foram sempre rematados com uma citação de um poeta - Marinho e Pinto escolheu a «exaltação clarificadora» de um poema de Ary dos Santos, na qual introduziu a palavra advogado:
 
«Serei tudo o que disserem:
  

por inveja ou negação,
 
cabeçudo, dromedário
 
fogueira de inquisição
 
teorema, corolário
 
poema de mão em mão
 
lãzudo, publicitário
 
malabarista, cabrão
 
Serei tudo o que disserem:
 
Advogado, castrado não
 
O poema escolhido gelou a sala e a tribuna onde se sentavam o Presidente da República, Cavaco Silva, o Patriarca de Lisboa, José Policarpo, o presidente do Supremo, Noronha do Nascimento, a ministra da Justiça, Paula Teixeira da Cruz e a procuradora geral da República Joana Marques Vidal.

Comentários